08 de abril
de 2016| Edwiges Nogueira - Correspondente da
Agência Brasil/EBC*
O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes,
conhecido também como Hospital do Coração, em Fortaleza, está capacitando 60
profissionais da saúde de cinco estados como forma de ajudar na criação e no
aperfeiçoamento de serviços de transplantes cardíacos pelo Brasil.
Considerada referência no Norte e no Nordeste e uma das
três maiores insitituições do Brasil em números de transplantes, a unidade
recebe mensalmente médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros
profissionais vindos de hospitais do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande
do Norte, Maranhão e Bahia para aulas teóricas e práticas.
Esta semana, eles estiveram em Fortaleza para a terceira
atividade presencial da capacitação, que tem duração total de dois anos. O
Projeto de Tutoria em Doação de Órgãos e Transplante Cardíaco do Hospital de
Messejana surgiu a partir de uma portaria de 2012 do Ministério da Saúde que
convidava unidades de saúde do Brasil a ajudar na formação de novas equipes
para fazer transplantes em hospitais do Brasil.
“A portaria considerava a necessidade de ampliar o acesso
das pessoas ao transplante e também de aprimorar a qualidade dos centros já
existentes. Existem grandes vazios assistenciais nessa área”, explica a tutora
interdisciplinar do projeto, Socorro Quintino Farias.
Estados sem transplante cardíaco
Devido a esses vazios relatados por ela, muitos pacientes
de estados vizinhos se deslocam para se submeterem a um transplante cardíaco no
Ceará. A cardiologista Charlene Fernandes, do Hospital do Coração de Natal, no
Rio Grande do Norte, é uma das participantes do treinamento. Ela diz que os pacientes
com insuficiência cardíaca precisam procurar o estado vizinho para passarem por
um transplante.
“Não temos um serviço atuante de transplante cardíaco no
estado, especificamente na capital Natal, nem em Mossoró, que é a segunda maior
cidade. Quando temos um paciente com indicação de transplante, recorremos ao
Hospital de Messejana. Muitas vezes, esse paciente tem que vir morar em
Fortaleza por alguns meses até fazer o transplante e passar pelo acompanhamento
após a cirurgia”, diz Charlene.
Melhores condições
Para Socorro, a formação de novos centros de transplantes
visa a dar condições para que pessoas com insuficiência cardíaca possam receber
tratamento nos seus estados ou mais perto de suas cidades. Ela cita o Maranhão,
que participa do projeto com uma equipe de profissionais do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), como um estado
estratégico para receber a demanda da Região Norte.
“Temos vários pacientes que vêm do Pará e do Amazonas. O
Maranhão, pela proximidade com o Norte, poderá assumir essa função. Acredito
que há um custo alto para o Ministério da Saúde em levar pacientes para centros
de transplantes tão longe de suas casas, além do desconforto de sair de suas
cidades.”
O treinamento de profissionais, para a tutora interdisciplinar,
é um dos vários elementos necessários para a formação de novos centros de
transplantes. Além de equipes habilitadas, os hospitais precisam se estruturar.
“A logística do transplante não é fácil. Envolve
estrutura, apoio político. O Hospital de Messejana já avançou em questões
legais, em captação de órgãos e é esse exemplo que queremos mostrar para os
estados.”
Desde 1998, o Hospital de Messejana fez 340 transplantes
de coração em adultos e crianças. Atualmente, a média de cirurgias é 20 por
ano. A unidade também faz transplantes de pulmão.
* Colaborou TV Ceará
Edição: Fábio Massalli